domingo, 27 de janeiro de 2008

Fisiologia do Esforço Físico - Parte II

Sob o efeito do treinamento
Após um treinamento diário de 4 a 5 semanas, o organismo do cão apresentará alterações significativas em seu sistema cardiovascular e respiratório. Assim, as modificações cardíaca e hemodinâmica (relativo à circulação sanguínea) devidas a um exercício físico repetido tendem a minimizar a energia necessária para o trabalho cardíaco, bem como a desenvolver as capacidades de bombeamento do coração. Nos cães treinados, o ritmo cardíaco no repouso é inferior ao dos cães sedentários (pois o coração se tornou mais eficiente) e a arritmia respiratória é mais acentuada. Ocorre um aumento do volume plasmático e melhora do retorno sanguíneo (ao coração) e, conseqüentemente, um aumento global do fluxo cardíaco (se o coração recebe mais sangue do corpo, também poderá bombear mais). Às vezes, um treinamento intensivo conduz a uma hipertrofia cardíaca (aumento de volume das células). No Greyhound, por exemplo, seis meses de treinamento diário intenso levam a um aumento de 50% da espessura da parede do coração e de 30% do volume da cavidade do ventrículo esquerdo (a câmara que bombea sangue para o corpo). Da mesma forma, o treinamento irá induzir um aumento do número e da densidade dos vasos sangüíneos capilares do músculo. Por fim, ao contrário do que se acredita, um exercício físico regular no cão com boa saúde gera pouca ou nenhuma alteração do aparelho respitório; a capacidade global do organismo para consumir oxigênio é que aumenta de maneira considerável com um treinamento de resistência. Essas modificações só poderão ocorrer de modo ideal nos indivíduos que apresentarem um bom estado de saúde geral. Qualquer alteração ou insuficiência dessas funções irá diminuir as possibilidades de adaptação às condições do esforço, e, conseqüentemente, o desempenho esportivo ou de trabalho.

Conseqüências do estresse biológico de esforço

Nos cães esportivos, o estresse gerado pelo entorno ou pelo esforço físico produz modificações comportamentais (latidos, distúrbios da motivação, etc.), modificações neurovegetativas (salivação, taquicardia, midríase (dilatação da pupila), etc.), distúrbios digestivos (vômitos, diarréias, úlceras gástricas) e anemia (fala-se até de anemia do desportista). Portanto, um grande número dessas modificações relatadas pelos utilizadores de cães no meio das competições esportivas são imputáveis a esse tipo de processo fisiopatológico.

Não raramente o super-treinamento é uma causa preponderante dessas modificações, mas também não se deve deixar de lado o fato de que um cão sabe muito bem fazer a diferença entre o treinamento e o marco de uma competição ou de uma intervenção real no plano psicológico. De maneira geral, as situações causadoras de estresse costumam gerar angústia nos animais que exteriorizam comportamentos característicos de sua espécie. No cão, os comportamentos de angústia ou de grande temor exprimem-se por reações bem conhecidas de eliminação (micções, defecações repetidas), de vocalização (latidos, uivos) e outros comportamentos cuja repetição pode gerar verdadeiras estereotipias: mordida dos objetos, da jaula ou cavar o chão.

Por estas razões, reações neurovegetativas, digestivas e outras podem, sem objeção, ser consideradas como decorrentes do estresse. Dentre essas reações, parece muito evidente que, no marco de provas físicas freqüentemente muito desgastantes sob o aspecto metabólico, os distúrbios digestivos estão entre os mais prejudicais para a condição física, principalmente quando aliados a perdas de água e eletrólitos ou à insuficiência de água para beber ou de consumo de alimentos.

Um plano de treinamento correto e inteligente, um entorno psicológico calmo e normal, mas principalmente uma alimentação adaptada serão as chaves da prevenção dos problemas associados ao estresse de esforço ou de super-treinamento no cão.

(Continua)

Fonte: Enciclopédia do Cão Royal Canin

sábado, 26 de janeiro de 2008

Fisiologia do Esforço Físico - Parte I

Tanto no cão como no homem o trabalho intenso e a competição estão na origem de um estresse ao mesmo tempo orgânico e psicológico. Assim sendo, o conhecimento geral das modificações fisiológicas induzidas pelo esforço físico pode permitir um melhor entendimento e, com isso, preparar melhor seu cão para uma competição, prevenindo as eventuais afecções patológicas que possam surgir.

Adaptações Cardiovasculares e Respiratórias

As adaptações cardiovasculares e respiratórias ao esforço têm a finalidade de, por um lado, garantir o fornecimento de oxigênio necessário para a atividade muscular e, por outro lado, permitir a eliminação dos resíduos, particularmente do gás carbônico e do calor, produzidos pelo metabolismo muscular. Essas adaptações são indispensáveis, não só para o bom desenvolvimento de uma prova esportiva, mas também para a continuação do esforço além dos instantes iniciais. Assim sendo, deve-se distinguir dois tipos de resposta do organismo:
-uma resposta imediata adaptada Às necessidades instantâneas do organismo, ou seja, concomitante ao esforço;
- uma resposta com prazo maior, que antecipa as necessidades do organismo e corresponde às adaptações induzidas pelo organismo.

Durante o exerício físico
O papel essencial das alterações da função circulatória durante o trabalho é aumentar o fluxo sanguíneo e, conseqüentemente, o fornecimento de oxigênio para os tecidos cujo metabolismo aumenta, principalmente os músculos. O organismo realiza esse estado aumentado o ritmo cardíaco e redistribuindo a massa sangüínea até os locais em atividade em detrimento dos locais em descanso. Essas modificações são complementadas por um crescimento da capacidade do sangue em transportar o oxigênio graças à contração do baço, que envia um grande número de glóbulos vermelhos até o sangue aumentado assim o hematócrito (quantidade de hemácias no sangue) e a quantidade de hemoglobina (substância que carrega o oxigênio no sangue).

O ritmo cardíaco pode elevar-se consideravelmente e atingir 10 vezes seu nível de descanso; a freqüência dos batimentos do coração aumenta de maneira muito sensível: em função da intensidade do esforço, podendo chegar a 300 batimentos por minuto no Galgo de corrida e 200 no Husky de trenó. Os músculos que trabalham são a sede de uma intensa vasodilatação, na qual a dilatação dos vasos sanguíneos aumenta o seu fluxo interno. Por fim, o fluxo ventilatório evolui em várias fases durante o esforço:
-durante os 3 a 4 primeiros segundos, a ventilação aumenta brutalmente;
-após alguns instantes ocorre uma segunda fase de aumento, mais lento;
-a seguir alcança-se um platô que se mantém até o final do esforço;
-em fase de recuperação, ocorre uma lenta diminuição da freqüência respiratória, que diminui de mais de 200 movimentos por minuto para apaoximadamente 30.

(Continua)

Fonte: Enciclopédia do Cão Royal Canin

domingo, 20 de janeiro de 2008

Edital

Hoje não foi a primeira vez que tive a sensação. Lá pelo fim da tarde eu assistia à 5º Etapa do Campeonato Mundial de Hipismo no ESPN quando, pela segunda vez, tive aquele "feeling". O que mais chamou minha atenção não foi a performance dos cavalos ou dos "condutores", e sim a locução. Não entendo muito - nada, na verdade - de Hipismo, mas o locutor dava a entender que um dia já fora competidor, ou o ainda é. Seu olhar técnico de cada lance, cada estilo de "condução", cada jogada técnica, mostrava que seu entendimento do esporte não era pouco. Além dos comentários sobre as passagens em pista ao vivo, o tal locutor traçava o perfil dos cavalos, citando país de origem, idade, experiência, conformação, pontos fortes e pontos fracos e, o mais impressionante, a linhagem. Ao entrar em pista, o cavalo tinha todo seu "pedigree" traçado. Sensacional.

Eu não vou às competições de Agility somente para conduzir meu cão. Mais que isso, analiso cada dupla e seu estilo de condução, os erros, os acertos, os tempos, as velocidades, os pivots, os back e blind crosses, coisa que a maioria dos competidores não observa. Percebo o tipo de formulação de pistas que cada juíz segue, e seu perfil de julgamento, de modo que, ao me inscrever em uma prova, sei o que vou encontrar pelo juíz anunciado. Comparo tipos físicos dos cães, raças, filiação. Analiso intrinsecamente cada pixel da prova.


Talvez o olhar crítico esteja relacionado à vontade de um dia alcançar o Grau III, de julgar, de ter um centro de treinamento, e de criar cães atletas. Ajudou muito também o fato de eu ser repórter, posto em que obrigo-me a prestar atenção nas passagens para conseguir boas fotos. Fato é que, à excessão de um condutor - Bruno Perez, quem parece também apreciar mais conversas técnicas que fofocas - raramento encontro quem queira debater com tal profundidade o Agility. Para quem quer fazer locução e não há um posto para tanto, cria-se a idéia de fundar um jornal de esportes. Uma pequena coluna sobre o Agility e seus bastidores. Que nasça o Authletica!